sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A arte enquanto profissão - Revisão de conceitos pessoais

Bem, esse é um assunto que eu considero bem interessante. Mas pela falta de tempo
pra escrever, hoje vou postar um texto bem enxuto, e talvez eu queira me demorar mais nisso assim que tiver mais tempo.
Eu estava aqui revendo meus conceitos sobre profissionais da arte...realmente é uma coisa sofisticada e requer bastante dedicação, caso se pretenda fazer um trabalho de qualidade.
Talvez nem todo mundo possa ser artista, no sentido ao mesmo tempo mais estritamente literal e íntimo do termo. Mas todo mundo, seguindo suas próprias inspirações pode fazer arte, ou seja, ser artista em tempo parcial.
Mas apesar da capacidade que considero comum a todo homem de produzir algo de valor com suas inspirações e impressões, agora acho que não devemos desprezar o artista enquanto profissional. É normal afinal, especializações em todos os segmentos da sociedade, sem que isso implique num não declarado "sistema de castas".
Pois veja bem, agora rebatendo minha própria opinião anterior, a cultura é algo tão valoroso na sociedade desde tempos imemoriais (sobretudo nessa época moderna, tão seca em certos sentidos de prazeres mais sutis), que seria bom dedicar a ela um cuidado especial, uma espécie de refinamento (que não implica em elitização e exclusão, só em melhoramentos), que só é capaz de acontecer qualificando da melhor maneira possível as pessoas que querem e tem tendência natural para fazer arte. É compreensível para todos que um músico que dedica apenas 2 horas do seu dia para estudos musicais nunca vai ser tão bom quanto um músico, dotado da mesma inclinação de fazer música, que dedique mais tempo para o seu trabalho.
Há muitos exemplos na história que nos esclarecem a respeito disso, como antigamente existia a tradição de "profissão de família", como é o caso de famílias de luthiers, onde o conhecimento da fabricação de instrumentos é passado de pai para filho e depois para neto. Na Alemanha inclusive, e acredito eu que em outras partes do mundo, existe até hoje a tradição de tais profissionais fazerem uma viagem com duração de um ano, espécie de peregrinação, onde aprimoram e ao mesmo tempo provam que sabem viver eficientemente apenas com os conhecimentos da profissão escolhida. Tudo isso demonstra um processo de contínuo aperfeiçoamento do trabalho, algo que pode não se limitar ao curto período que é a vida de um artista e ser humano em geral, mas ser repassado e continuamente aperfeiçoado por gerações. Sendo assim, é perfeitamente aceitável viver de arte, pois existe um retorno muito gratificante para a sociedade. Por acaso, quem não sente extasiado em ir ver uma boa peça de teatro na correria da semana, ou ouvir a elaborada sinfonia de sopro de um evento de choro?
Óbvio que é uma coisa que tem que partir da livre iniciativa do artista em querer ser realmente bom no que faz para tornar isso uma profissão, e saber que nesse caso também assume o compromisso de enriquecer a cultura da comunidade com seus talentos.
Fora isso, continuo mantendo as minhas opiniões sobre esse esquema de a arte moderna ter se convertido num negócio. Pra mim, nem tudo é arte. Mictórios em museus não são arte, quadros com gatinhos e cores neon valendo mais de 10.000 reais não são arte, esculturas sem sentido que representam a esquizofenia dos referidos "artistas", pra mim, continuam não sendo arte. Mas querer considerar tudo como arte enfim, não é de todo uma visão sem base. Se a vida é arte, o bêbado mijando no poste é arte, a sujeira urbana é arte, os problemas sociais e a violência também são arte, o musgo e a umidade nas construções antigas é arte. Porque arte é tudo que faz refletir, não tudo o que é simplismente belo. Mas que não me venham esses empresários do futuro com as suas insignificâncias e demências mentais querer meter na sociedade mais inutilidade e caos de idéias que já existem, querendo lucrar com toda essa miséria de idéias que tem na cabeça, refestelados num canto do seu ateliê depois de passarem 5 horas socando uma tela com tinta.
A gente já tem muitos problemas na sociedade sobre os quais dá pra refletir artísticamente, não precisamos de quimeras intelecutais que se vendem como filosofia pra fazer isso. Não inventem problemas ou não tragam os problemas que não deveriam sair do seu divã para tornar arte!! Problemas a gente já tem demais. E ainda mais, não queiram lucrar com eles.
A outra deixa fica para todas essas celebridades inventadas, que a inutilidade, contatos e um poquinho de promoção faz deuses. A gente não precisa pagar pra pôr pessoas comuns e pretenciosas num pedestal, não precisa pagar absurdos por shows nem por entradas no cinema, e nem pra ter um rodízio de elenco nas novelas. Isso não é arte, é uma idolatria sem sentido e uma tremenda perda de recursos.
Se querem fazer da arte um negócio, então vai ser necessário que criemos uma anti-arte...

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